Estive namorando esse livro desde que o vi pela primeira vez nas prateleiras da livraria. A sinopse era deveras interessante e apelava para o meu gosto por histórias. Parecia ser algum suspense que talvez viesse a ser revelado durante o dito jantar.
Ao iniciar a leitura, não me empolguei tanto quanto esperava. Até metade do livro, me vi meio confusa: a “ação” se passa durante um jantar entre dois casais num restaurante ostentoso da Holanda, mas a narrativa vai e volta entre acontecimentos presentes e passados.
Dois irmãos: um deles é o narrador; o outro, um político importante, candidato a primeiro-ministro e não muito querido aos olhos de nosso narrador. Duas famílias da classe média-alta holandesa que guardam um segredo em comum: seus filhos cometeram atos abomináveis juntos. Esse é o mote em que se centra a trama.
Em noites como essa Claire e eu aproveitamos ao máximo os momentos em que estamos a sós. É como se tudo estivesse em jogo, como se o jantar marcado fosse apenas um mal-entendido, como se fôssemos apenas nós dois na cidade. Se eu tivesse que dar uma definição de felicidade, seria esta: a felicidade não precisa de nada além dela mesma, não precisa ser sancionada. “Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira” é a frase de abertura de Anna Karenina, de Tolstói. A única coisa que eu poderia querer acrescentar a isso é que famílias infelizes — e, entre famílias, em especial o marido e a mulher infelizes — nunca são infelizes sozinhas. Quanto mais pessoas para comprovar, melhor. A infelicidade adora companhia. A infelicidade não suporta o silêncio, especialmente o silêncio desconfortável que se instala quando tudo é solitário.
Às vezes, tive a impressão de não saber bem o que estava lendo. Não é que eu o considere um livro ruim, mas pode tornar-se confuso pelas voltas que o narrador em primeira pessoa dá.
Na verdade, você espera simpatizar e ficar “do lado” daquele que se apresenta como o “mocinho” da história, e isso é o que acontece até esse narrador começar a se aprofundar em seu histórico e seus pensamentos, enfim, quando ele mostra como vê a vida.
É uma história de violência, por vezes gratuita e, na cabeça das pessoas, justificada; do que é considerado o bem e o mal; de consciência moral pelos seus atos.
Como não era o que eu esperava encontrar, acabei não gostando tanto quanto achei que gostaria, mas ainda assim é um bom livro.
Decepcionei-me, no entanto, com inúmeros erros de revisão do meio para o final. Parece-me que houve pressa em publicá-lo e erros de concordância, palavras repetidas e erradas espalham-se profusamente pelas páginas.
Ficha técnica
Autor: Herman Koch
Título original: Het Diner
Ano de lançamento: 2009
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