Uma obra de Dame Agatha Christie que reúne quatro contos protagonizados pelo célebre e singular Hercule Poirot.
“Assassinato no beco”, primeiro conto, e que dá título à coletânea, relata a história de um aparente suícidio durante a celebração da tentativa frustrada de assassinato do então rei britânico James I, conhecida como a Noite de Guy Fawkes, em que a população solta fogos rememorando o fato de que Fawkes tentara explodir a Casa dos Lordes.
Porém, o que realmente importa é que uma jovem viúva é encontrada morta por sua própria arma num quarto fechado enquanto a moça com quem divide a casa estava viajando.
É uma história bastante articulada e bem ao estilo Christie, com Poirot tendo seus lampejos de sabedoria e mistério.
“O Roubo Inacreditável” versa sobre o roubo de um projeto secreto de submarino.
Não é das histórias mais inventivas e também não é das melhores de Agatha, mas é a que mostra o lado mais cômico de Poirot, com suas atitudes afetadas e, por vezes, espalhafatosas.
“O Espelho do Homem Morto” foi a que mais gostei e a que me fez não querer largar o livro até terminá-la. Conta a história de um homem excêntrico, apegado à família e seu título de nobreza e que pede ajuda de forma autoritária e inusitada à Poirot, que não resiste e aquiesce a uma visita à propriedade do cliente, mas que acaba por chegar tarde, pois, na mesma noite em que chega sem que quase ninguém saiba de sua vinda, seu anfitrião é encontrado morto em seu escritório.
Essa é mais uma das provas da mente inventiva da autora. Numa narrativa curta, ela conseguiu criar a atmosfera certa e desenvolver uma história sem furos e bastante verossímil.
- Pelo jeito que você descreveu - continuou Poirot - acho que ele deve ser muito vulnerável...
- Vulnerável? - perguntou o sr. Satterthwaite, que ficou surpreso por um momento. De modo geral ele não associaria essa palavra a Gervase Chevenix-Gore. Mas ele era um homem observador e de raciocínio rápido. Depois, disse com tranquilidade: - Acho que entendo o que quer dizer.
- Um Homem desse tipo está sempre envolvido numa armadura, que não se parece em nada com a armadura dos cruzados... é uma armadura de arrogância, orgulho, de completa autoestima. É uma armadura de proteção contra as flechas do cotidiano. Mas esse é o perigo: muitas vezes um homem de armadura sequer percebe que está sendo atacado. Levará tempo para ver, ouvir e até mesmo sentir.
“O Triângulo de Rodes” é a mais curta das histórias e, talvez por isso, a menos intensa e interessante. Narra a história de dois casais em férias na Itália e um assassinato cometido entre eles.
Poderia ter sido uma história bastante boa se tivesse sido mais desenvolvida. Ao ser tão curta, me parece um pouco falha e desinteressante.
No todo, mais um livro de Agatha Christie que merece ser lido.
Ficha técnica
Autor: Agatha Christie
Título original: Murder in the Mews
Ano de publicação: 1937

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